Saiba mais sobre a nova temporada de ‘Malhação – Viva a Diferença‘, que estreia nesta segunda-feira, dia 08. Dizem que amigos são a família que a gente escolhe. Mas, algumas rar ... Leia mais:
Saiba mais sobre a nova temporada de ‘Malhação – Viva a Diferença‘, que estreia nesta segunda-feira, dia 08.
Dizem que amigos são a família que a gente escolhe. Mas, algumas raras vezes, o destino é capaz de tomar as rédeas da nossa vida e nos presentear com uma amizade inesperada e mais forte que distância, tempo e, principalmente, diferenças que poderiam separar as pessoas.
É sobre isso que se trata a nova temporada de ‘Malhação’, concebida por Cao Hamburger e dirigida por Paulo Silvestrini: a formação de um elo inabalável de amizade entre cinco garotas, que se sobrepõe às diferenças culturais e sociais.
“O Brasil é um país de misturas, de culturas distintas e de diferenças sociais. Vamos explorar as dificuldades e as belezas da convivência de pessoas tão diferentes e falar sobre respeitar a opinião do outro, a posição do outro, a cultura do outro”, explica o autor. Silvestrini complementa: “Nosso protagonismo é a diversidade. A questão das diferenças é relevante, urgente e impossível de ser ignorada”.
E é na pulsante e plural São Paulo que a história desta amizade entre cinco meninas de universos distintos nasce a partir de uma experiência única e inesquecível. Se não fosse pelo acaso do destino, talvez elas nunca fossem se aproximar e ver como as diferenças, no fundo, podem ser enriquecedoras para uma relação.
Não por acaso, pela primeira vez em 22 anos, uma temporada de ‘Malhação’ é ambientada em São Paulo. A capital paulistana foi escolhida como pano de fundo deste enredo por representar um microcosmos do Brasil em toda sua pluralidade. “São Paulo tem a ver com o conceito de diversidade do povo brasileiro e é uma metrópole que tem a caraterística de ter pessoas de backgrounds diferentes. Também queria que tivesse um multiprotagonismo”, conceitua Cao.
“Em defesa da ideia de o protagonismo de não estar centrado em uma pessoa, o Cao cria uma história que não gira em torno de um universo só. Ela fala do encontro de cinco universos distintos, um vínculo que independe das afinidades. Elas perceberão que não é fácil, mas é muito enriquecedor conviver e confrontar as diferenças. Em São Paulo, abraçamos a oportunidade de contemplar outras tribos e outras formas de olhar para as questões jovens e contemporâneas. Como a grande metrópole que é, cosmopolita e onde tantos universos convivem, São Paulo é como o mundo todo”, define Paulo Silvestrini.
O encontro das Five
É mais um dia agitado em São Paulo. As nuvens carregadas anunciam um temporal daqueles que para a cidade. Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski) estudam em escolas do bairro Vila Mariana e talvez já tenham cruzado olhares. Keyla, Ellen e Benê são alunas do Colégio Estadual Cora Coralina. Lica e Tina, da escola particular Colégio Grupo. Mas, apesar de frequentarem o mesmo bairro, elas são de realidades distintas e não se conhecem. Ainda. Por coincidência, embarcam no mesmo vagão de metrô junto com outras dezenas de pessoas.
Ao longo do caminho, o vagão esvazia e só restam as cinco meninas. A chuva lá fora aperta e o caos é iminente. É quando uma pane faz o metrô parar. Keyla, carregando uma barriga de nove meses de gravidez, começa a sentir as dores do parto. A tensão dentro do vagão é proporcional à tempestade que cai na rua. Talvez por não verem outra alternativa, mas sem dúvida por terem muita coragem e solidariedade, as outras quatro meninas se unem para ajudá-la. Sem saída, elas veem a urgência de realizar o parto ali mesmo.
Cada uma busca, dentro de si e revisitando as próprias experiências, uma forma de ajudar. Benê corre atrás de socorro. Tina telefona para a mãe médica. Ellen consegue acessar uma rede de wi-fi e busca vídeos de tutoriais de parto. Lica coloca em prática as instruções que recebe. Apesar das adversidades, elas cinco, juntas e unindo forças, conseguem trazer Tonico à vida.
O nascimento da criança marca o vínculo entre essas cinco garotas de raízes, vivências e personalidades distintas: uma rica de estilo alternativo, uma hacker da periferia, uma rebelde e artista sansei, uma tímida e solitária que quer muito ter amigas e uma mãe adolescente. São as Five. Elas vão ter que encarar conflitos entre si, em relação às suas famílias e também à sociedade.
“São meninas que se encontram por um motivo forte que faz com que não queiram se separar. Como são muito diferentes, o convívio não é fácil. Vão ter que aprender a se relacionar sendo, cada uma, de uma cultura. Ao mesmo tempo, percebem como é rico sair de suas bolhas”, pontua Cao, que explica também a escolha por protagonistas femininas. “Quero falar da importância das mulheres e reafirmar o poder que elas têm na sociedade. São cinco garotas que moram em São Paulo e estudam no Ensino Médio. Cada uma com uma história bem forte. Em comum, são donas dos próprios narizes e assumem o protagonismo perante a vida. A gente fica entrelaçando as histórias pessoais delas com a história conjunta, que começa no primeiro capítulo”.
Keyla: menina doce, romântica… e mãe adolescente. E agora?
Keyla (Gabriela Medvedovski) tem uma auto-estima de dar gosto. Sua autoconfiança é sob medida, não a deixa tirar os pés do chão, e sua alegria desperta a empatia das pessoas que esbarram com ela. Adora viver a vida intensamente. É bem resolvida e vive sonhando com o príncipe encantando. Herdou o romantismo e o lado sonhador do pai Roney Romano (Lúcio Mauro Filho), um homem criativo e bastante sonhador.
Na juventude, Roney teve uma carreira meteórica como cantor romântico. Fez uma única música de sucesso, a “Amor Selvagem”, que lhe rendeu um momento de fama passageira. Foi assim que a mãe de Keyla se interessou por ele, quando fazia show em sua cidade. A moça só queria ficar com o popstar, mas Roney se apaixonou de verdade. Quando ela faleceu, o cantor ficou arrasado e não titubeou ao assumir o papel de pai e mãe da filha. Com isso, foi se afastando da vida artística e comprou uma lanchonete, que fica entre o Colégio Estadual Cora Coralina e o Colégio Grupo e é hoje seu ganha-pão.
É no colégio público que Keyla estuda. E foi lá que conheceu Katarine (Talita Younan) e Katiane (Carol Macedo), que eram suas melhores amigas. Elas formavam o trio K1, K2 e K3, mas acabaram se afastando, quando Keyla engravidou. K1 é invejosa, adora fazer fofoca e vive bolando planos para conseguir o que quer e, principalmente, prejudicar Keyla. K2 é mais romântica e doce, mas não mede esforços para conquistar sua grande paixão: Tato. As duas dançam funk e formam um trio com Fio (Lucas Penteado), outro aluno do colégio público.
Também foi no colégio que Keyla conheceu Teobaldo (Matheus Abreu), mais conhecido como Tato, um rapaz aficionado por Downhill Urbano que vive desbravando São Paulo sobre duas rodas. Ele é o menino que qualquer sogra gostaria de ter como genro: educado, bom moço, responsável e carinhoso. Talvez por todas essas características, Tato se veja enredado em uma situação explosiva: ser, desde sempre, apaixonado por Keyla e, ao mesmo tempo, seu melhor amigo.
Não seria exagero dizer que Tato daria a vida por Keyla. Ele assume um papel especial na vida dela, quando Keyla descobre uma gravidez inesperada. Esse é um dos motivos que fizeram K1 e K2 se afastar de Keyla. Elas consideram Keyla uma traidora, já que Tato era a paixão de K2, com quem mantinha um caso sem compromisso.
Tato vai morar com Keyla, Tonico e Roney e começa a trabalhar na lanchonete do “sogro” para ajudar com as despesas. E será na função de chapeiro da lanchonete que ele encontra seu talento e vocação: a culinária.
Ellen: uma menina muito além da realidade que a cerca
Ellen (Heslaine Vieira) é uma dessas meninas que contrariam todas as estatísticas. Vive na Vila Brasilândia, bairro pobre de São Paulo. Ao invés de ser vítima do ambiente que a cerca, usa toda sua inteligência para correr atrás dos seus sonhos. Aluna do colégio público, é um gênio no que se refere a tecnologia. É autodidata e sabe tudo de computação e programação. Na verdade, é uma hacker talentosa. O problema é que seu talento já a colocou em algumas confusões e ela tem certa cautela em usar o seu dom. É uma menina introvertida e muito inteligente.
Estuda no Colégio Estadual Cora Coralina e faz o esforço de praticamente atravessar a cidade de São Paulo todo dia para estudar nessa escola, porque é uma referência em ensino. Na infância, seu pai tinha uma oficina de eletroeletrônicos, onde ela adorava passar o tempo e ajudá-lo. Aos poucos, se tornou uma expert no assunto.
Ela mora com a avó, Maria das Dores (Ju Colombo), e com o irmão mais velho, Anderson (Juan Paiva). A mãe, Nena (Roberta Santiago), vive em função do trabalho como auxiliar de enfermagem e quase não para em casa. Viúva, é uma mulher bonita como Ellen, mas que já foi bastante castigada pela vida. Nena se ressente de não poder acompanhar a vida dos filhos de perto, mas quer melhorar de vida. Seu lema é: trabalho chama trabalho.
Anderson trabalha como motoboy, cercado de alguns colegas que flertam com o “mau caminho”, fato que exige dele muita determinação para não cair em tentação e pegar um atalho facilitador e sem volta. Mas sua grande paixão é a música. Ele pretende se tornar produtor de funk e já está enturmado nesse universo. Com Moqueca (Felipe Hintze), vai investir tudo na carreira.
Maria das Dores é uma mulher batalhadora. Dona de um sorriso contagiante, está sempre incentivando os netos. Das Dores tem um conhecimento de vida admirável. Sábia, ponderada, entende muito bem a nova geração. Para ajudar nas despesas da casa, ela faz coxinhas para fora.
Ellen tem um admirador no colégio, o Fio (Lucas Penteado), que manja tudo de dança. Graças à amizade com as meninas do metrô, ela conhece José Carlos (Hall Mendes), o Jota, o maior nerd na escola particular Colégio Grupo. Jota é amigo de Tina (Ana Hikari) e Juca (Mikael Marmorato). Também é programador e é convencido dos seus talentos, mas se encanta pelo dom de Ellen e quer descobrir tudo o que ela sabe. Ellen vai ficar entre o Fio e todo seu gingado, e Jota com seu interesse em comum por computação.
Tina: clássica ou contemporânea?
Tina (Ana Hikari) é esperta, sarcástica e preza pela liberdade. Desde pequena faz aulas de violoncelo, tem um grande talento para música e interesse por artes em geral. Gosta da cultura japonesa e lê mangá, mas sua curiosidade vai além. Ela estuda na escola particular Colégio Grupo, onde conheceu os amigos Jota (Hall Mendes) e Juca (Mikael Marmorato). Eles são como os três mosqueteiros do pedaço.
Tina é filha de Mitsuko (Lina Agifu), que sonha que a filha siga seus passos na carreira de Medicina e mantenha a tradição de casar com um descendente oriental. Mitsuko é uma excelente médica, competente e respeitada. No fundo, Mitsuko é controladora e sufoca a filha com suas manias, obsessões e decisões. A matriarca planeja tudo nos mínimos detalhes, inclusive a vida das filhas. Detesta improvisos, imprevistos e tudo que sai do estabelecido. Gosta muito do marido, Noboru (Carlos Takeshi), mas sua relação com ele é militar.
Noboru (Carlos Takeshi) é dono de um restaurante japonês, e vive tentando apaziguar as desavenças entre a filha e a esposa. Ele não é tão rígido em relação às escolhas profissionais das meninas. Telma (Julie Kei) é a caçula e faz as vezes de “fiscal” da irmã, principalmente quando diz respeito às novas amizades, que Mitsuko não aprova. Ela também estuda no Colégio Grupo e é a filha perfeita para Mitsuko. Sempre que pode, Telma se aproveita de alguma informação para conseguir favores e presentes de Tina.
Mitsuko sabe que Tina quer desbravar o mundo e acredita que a proximidade com as meninas do Metrô possa distanciá-la de seus planos para a filha. Mas a garota não se abala. Aliás, as novas amizades trazem também uma nova paixão quando ela conhece o irmão de Ellen (Heslaine Vieira), Anderson (Juan Vieira), motoboy que quer ser produtor musical.
Muito sedutor, Anderson se apaixona por Tina (Ana Hikari). Ele a apresenta a uma nova cena cultural de São Paulo, tomada por funk e rap, e Tina se encanta. Eles se unem no amor pela arte, numa mistura de experimentações musicais entre o clássico e o contemporâneo. Mas terão que enfrentar muitos obstáculos por serem de classes sociais diferentes e não contarem com o apoio dos pais
Todo encanto de Benê
Benedita (Daphne Bozaski) é uma jovem encantadora e com um divertido excesso de sinceridade. Para ela, não tem tempo ruim quando o assunto é calçar os tênis e sair correndo pela cidade de São Paulo. Benê é muito inteligente e tem um raciocínio diferente. Leva muito no literal algumas expressões e é extremamente sincera. Não consegue mentir. Tem muita dificuldade em expressar suas emoções e manter um relacionamento interpessoal. O encontro no Metrô de São Paulo vai mudar a vida da jovem. A partir dali, Benê passará a ter amigas e fará tudo para defender esse círculo.
Ela estuda no Colégio Estadual Cora Coralina. E é nos fundos da escola que mora, com a mãe, Josefina (Aline Fanju) e o irmão, Juninho (Davi Souza). Josefina é a zeladora da escola. Muito comunicativa, é conhecida e querida por todos os alunos. Muito focada, ela trabalhou de dia e estudou de noite durante anos até que foi aprovada em um concurso público e está só esperando ser chamada para começar a lecionar.
Josefina cria os filhos com o mesmo zelo e alegria que cuida da manutenção da escola, fazendo todo tipo de conserto quando necessário. É prática e objetiva, e isso se reflete na forma como se veste: usa um cinto de utilidades porque gosta de ter as ferramentas à mão. Mãe solteira depois que o ex-marido saiu de casa, Josefina lida de forma muito leve e positiva com as dificuldades da filha. Ela apoia a aproximação de Benê com as meninas no Metrô, afinal, pela primeira vez está vendo a garota rodeada de amigas. As novas amizades vão fazer com que Bene descubra novos talentos e aptidões que revolucionarão sua vida.
É através das meninas do Colégio Grupo que Benê conhece Guto (Bruno Gadiol). Ele parece um cara mal humorado e metido, mas no fundo é sensível e atencioso. Toca piano muito bem desde criança e tem como melhor amiga Samantha (Giovanna Grigio). É através dele que Benê descobrirá um grande talento musical.
A nada fácil vida de Lica
Heloísa (Manoela Aliperti) vem de família da alta sociedade paulistana. Tem tradição e erudição. À primeira vista, poderia ser classificada como uma patricinha. Mas esse rótulo definitivamente não a define. Lica, como é conhecida pelos amigos, adora misturar estilos e usar roupas transadas. É filha de Marta (Malu Galli) e Edgar (Marcello Antony), dono do Colégio Grupo. Aparenta ter uma vida perfeita até o dia em que seus pais assumem a separação. Apesar de ser uma garota muito forte, vai sofrer bastante com essa fase turbulenta.
Marta largou a carreira de modelo logo após o casamento com Edgar. Bonita e sofisticada, faz a linha mãe amiga e tenta entender os conflitos da filha. Já Edgar é inconsequente. Herdou o Colégio Grupo do pai, um educador sério, mas não o talento ou a vocação para a educação. O objetivo de Edgar é um só: ganhar dinheiro. Para ele, a escola é um negócio que deve ser lucrativo. Marta e Edgar tinham um casamento feliz. Mas a separação deles traz uma série de revelações que têm duras consequências, especialmente para Lica, que começa a ver o pai se comportar de uma maneira impensada e insensível.
Lica namora MB (Vinicius Wester). Ele é bonito, rico e descolado. Mimado pelos pais, peca pelos excessos e tenta entender seu papel no mundo, vivendo com tantos privilégios e acima de qualquer lei, enquanto se joga de corpo e alma em experiências radicais. Clara (Isabella Scherer) é a melhor amiga de Lica. Uma menina mimada e superprotegida pela mãe Malu (Daniela Galli) e pelo pai Luis (Angelo Antonio), que também estão se separando.
Malu é professora na escola particular e amiga de Marta desde a infância. Apesar de Marta nunca ter competido com ela, Malu sempre esteve na disputa. Pelo seu ponto de vista, Marta sempre foi mais bonita, mais interessante, inteligente e bem sucedida. Luis é o contrário. Publicitário, vive no mundo glamoroso e frenético da publicidade. Mas é solidário, sensível e vai sofrer bastante com a separação.
Por influência da mãe, Clara foi se tornando uma autêntica patricinha. Muito ligada a tudo que demonstre status, como roupas de marcas, joias e celulares, Clara já estava colocando em xeque a amizade que tinha com Lica, por seu jeito descolado e suas atitudes pouco “ortodoxas”. Clara e Lica eram melhores amigas, imitando a amizade das mães. Brincavam que eram falsas irmãs, até que a separação dos seus pais traz uma enxurrada de revelações do passado e deixa a amizade entre elas com os dias contados. O namorado de Clara, Felipe (Gabriel Calamari), é um cara atencioso e talentoso nas artes. Sabe desenhar, faz grafites e ainda pratica Downhill Urbano.
Dóris & Bóris & Sócrates
Dóris (Ana Flávia Cavalcanti) é diretora da escola pública, o Colégio Estadual Cora Coralina. Está sempre às voltas com o sistema e as dificuldades da sua escola. É durona, exigente, disciplinada e disciplinadora. Sem deixar de ser atenciosa e, quando preciso, afetuosa. Dóris muitas vezes acaba se dedicando demais. Vive com Bóris (Mouhamed Harfouch) há muito anos, uma situação cômoda já que casar de véu e grinalda nunca foi seu sonho.
Filhos nunca estiveram nos seus planos. Ela e Bóris combinaram logo no começo do relacionamento que seriam sempre só os dois. Ou melhor, três, já que Dóris aceitou que ele adotasse um cachorro. Ela chegou a se arrepender quando recebeu Sócrates em casa, afinal o vira-lata passou um ano destruindo tudo. Mas agora já se afeiçoou. Mesmo assim, não dá moleza para Sócrates e tenta adestrar o cachorro para que ele seja mais comportado.
Dóris pode até não ter um filho, mas de certa maneira acaba exercendo a maternidade com as centenas de alunos que tem. Apesar dos problemas intrínsecos ao sistema público de educação, a instituição mantém um nível elevado pelo esforço e competência da obstinada diretora.
Bóris é o orientador da escola particular, o colégio Grupo. Excelente no que faz, é compreensivo e ponderado. Vive às turras com Edgar (Marcello Antony), o dono da instituição. É contra os métodos que o chefe quer impor. A grande diferença entre os dois está no fato de Bóris sempre querer o melhor para os alunos, ao contrário de Edgar, que vê a escola como um negócio que deve ser lucrativo.
Muito apaixonado por Dóris, Bóris admira imensamente a mulher. No entanto, o ponto de atrito do casal fica claro quando se trata de filhos. Ele vai começar a pressionar Dóris a mudar de ideia e isso vai gerar muita tensão e desgaste entre os dois.
A intensa preparação do elenco jovem
Foram seis meses de preparação, que incluíram entrevistas, oficinas e testes em São Paulo, além de leituras de textos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mais de 500 atores foram previamente selecionados para participarem de entrevistas e apreciação de portfólio. “Foi um processo muito rico. A montagem dessas oficinas foi extremamente rigorosa porque tínhamos que encontrar atores em potencial. A partir delas, identificamos os talentos e só depois realizamos os testes”, explica o produtor de elenco, Guilherme Gobbi, que fez uma pesquisa por vários polos, desde escolas de teatro a fábricas de cultura.
Mesmo depois de selecionados, os atores só souberam o personagem que interpretariam ao final de todo o processo. “Queria descobrir as pessoas e o que eu poderia aprender com elas, em vez de tentar encaixá-las dentro de uma forma. Fizemos centenas de entrevistas e oficinas de interpretação. Eu e Cao Hamburger aparecíamos no final para contribuir com palpites. Depois os participantes formavam grupos e foram preparados para pré-testes. Juntamos as pessoas que achamos que poderiam compor esse grande quebra-cabeça e começamos a prepará-las efetivamente para os personagens”, explica o diretor Paulo Silvestrini.
“O processo foi muito colaborativo e criativo e tivemos tempo para criar e propor ideias. Sempre tive o sonho de fazer ‘Malhação’. É muito desafiador porque o programa tem a trajetória incrível de ser um celeiro de talentos e queremos deixar esse legado bacana. Cada um do elenco tem algo muito forte e especial para estar ali”, completa Guilherme, que já esteve à frente da seleção de atores para programas como ‘Dupla Identidade’ e ‘A Regra do Jogo’.
Depois do elenco escolhido, a preparação dos atores coube à diretora de elenco Lais Correa, que, com mais de 35 anos de experiência em teatro e cinema, assina pela primeira vez um trabalho para a TV no Brasil. “Uma das coisas mais bonitas nessa história é que o protagonismo é a história. Nós artistas temos que ser o atleta da emoção da alma. O ator tem que aquecer e saber lidar com as emoções e com as dificuldades antes de qualquer coisa para não se limitar. Tenho uma parceria já com o Cao, pois fizemos “O Ano em que meus pais saíram de férias”, mas foi uma coincidência nos encontrarmos neste projeto”, explica Lais.
Outro nome que saltou das telonas para a TV é do caracterizador Martin Trujillo. Com quase 70 filmes no currículo, entre eles “Tropa de Elite”, “Dois Filhos de Francisco”, “Eu, Tu, Eles”, “Casa de Areia” e “Getúlio”, e com mais de 25 anos de profissão, Trujillo assina um projeto na televisão brasileira pela primeira vez. Natural do México, onde se formou em artes visuais pela Escuela Nacional de Artes Plásticas, ele está no Brasil desde 1996 e se transformou em uma das grandes referências na área. “Estou me sentido confortável aqui. É muito diferente trabalhar com gente nova. Eles têm uma energia única”. Seu objetivo na caracterização é dar uma aparência natural e clean aos personagens, que são estudantes em sua maioria. “Temos essencialmente um conceito naturalista, que traz uma textura natural à pele”, ele explica.
Já a figurinista Julia Ayres se manteve atenta às diversas influências culturais de São Paulo para compor o figurino dos personagens. “Para conceituar essa temporada, pesquisei os movimentos contemporâneos da cidade”, explica. As Five vêm de universos distintos e isso é perceptível na forma como elas se vestem e expressam.
Para Lica (Manoela Aliperti), uma menina da alta sociedade paulistana que foge de estereótipos, o figurino segue uma linha grunge, com peças escuras misturando listras com xadrez. Julia Ayres apostou em roupas com referências orientais misturando com o pop e o rap para Tina (Ana Hikari). As marcas da personagem são as meias 7/8 e a mochila com vários bottons.
A Benê (Daphne Bizaski) tem uma paleta de cores mais pasteis, que representam seu certo ar de ingenuidade, onde o rosa é predominante. A Ellen (Heslaine Vieira) tem um figurino clean, usa óculos de brechó e sempre carrega no pescoço uma corrente que era do pai com um pen drive preso, evidenciando seu interesse pela computação. Já a Keyla (Gabriela Medvedovski) coloca toda sua criatividade para fora ao customizar suas peças. Ela faz os próprios acessórios com linhas, borda as roupas e desenha os tênis. “Para dar a identidade delas, usamos acessórios criados no estilo para cada um. As sobreposições, moletons, casacos, jaquetas e coletes também ajudam na composição”, explica Julia.
Como grande parte dos personagens ainda estão no Ensino Médio, eles aparecem de uniforme em muitas cenas. Para o núcleo do colégio particular, o uniforme é tradicional: uma polo azul marinho com um brasão da escola. Já na Escola Estadual Cora Coralina os estudantes vestem camiseta cinza mais simples com detalhes em verde. “Dentro do núcleo da escola pública, vou pincelando referências de movimentos artísticos como o “tombamento”. O funk paulista está muito presente também”, explica Julia.
Um personagem que demandou uma inspiração particular foi Roney Romano (Lúcio Mauro Filho), um cantor que fez sucesso há cerca de duas décadas. “Roney foi inspirando no Fábio Júnior, cantor romântico galã nos anos 90. Até hoje Roney usa os coletes que eram moda naquela época e são uma marca do personagem”, explica Julia. Aliás, o grande hit de Roney Romano é a música “Amor Selvagem”, composta especialmente por Fábio Jr. e Maurinho Marcos e interpretada por Lúcio Mauro Filho.
A lanchonete de Roney: o ponto de encontro utópico entre classes
Entre a escola pública e a particular, fica localizada a lanchonete de Roney Romano (Lúcio Mauro Filho). O lugar é antigo e atrai poucos clientes, mas com uma mãozinha das Five, tudo está prestes a mudar. “O galpão se torna um ponto de encontro dos jovens dos dois colégios, um lugar utópico onde as classes se misturam”, explica o autor Cao Hamburger. É ali que muitas dessas atividades encabeçadas pelos jovens vão se desenvolver. “É o lugar onde os jovens promoverão encontros e produzirão o que o talento de cada um deles é capaz de produzir em termos de manifestação cultural”, complementa o diretor Paulo Silvestrini.
As gravações em São Paulo e a maior cidade cenográfica de Malhação
As gravações da nova temporada começaram pela capital paulistana. Cerca de 60 pessoas trabalharam nos dez dias de captação de imagens em locações externas de São Paulo como o Largo do Payssandu, o parque Ibirapuera, as ruas dos bairros da Liberdade e de Higienópolis, a Praça Roosevelt, o viaduto Santa Efigênia, a Avenida Paulista e o próprio metrô, onde acontece o encontro entre as cinco amigas. Aliás, essa sequência do primeiro capítulo consumiu três dias de gravação no metrô. A equipe também produziu diversos stock shots pela cidade. “Os stock shots terão importância muito grande porque vão dialogar com a dramaturgia. Ele situa, localiza e apresenta o universo do qual cada personagem faz parte”, explica Paulo Silvestrini.
De São Paulo para os Estúdios Globo. A temporada ‘Viva a Diferença’ conta com a maior cidade cenográfica que a série já teve desde sua estreia, há 22 anos. São mais de 6.620 m² que vão concentrar cerca de 80% das cenas. “O bairro que estamos representando na cidade cenográfica é a Vila Mariana. O bairro tem uma mistura de prédios, de residências, de vila, de bares, de comércio e é um bairro arborizado de São Paulo”, explica o cenógrafo José Cláudio, que divide o projeto com Alexis Pabliano.
A equipe de cenografia também reproduziu a saída do Metrô do bairro, com toda a programação visual, e construiu as escolas particular e pública. Para ficar ainda mais real e próximo a São Paulo, o chão e a ciclovia são reproduções das que compõem a cidade.
A escola pública Cora Coralina tem uma aparente simplicidade e escassez de recursos. A estrutura segue as cores verde e branca, é de tijolo de concreto e encontra-se mais descascada. No particular Colégio Grupo, o prédio é mais elegante e conservado, com uma entrada imponente. É todo de tijolinho, com detalhes internos em azul. Os dois colégios contam com biblioteca, salas de aula, professores e coordenação, corredores e pátio.
A lanchonete do Roney, que funciona como um ponto de encontro entre os alunos das escolas, inicialmente tem um ar careta e tradicional. Isso antes da interferência das Five, que revitalizam e dão um novo ar ao espaço. “Elas vão achando coisas no galpão e dão uma rearrumada com o que já tem lá. É quase uma coisa arqueológica. Empilhamos uns pallets num canto, usamos barril com bacia e torneira na parede para a pia, pegamos uma banheira e cortamos no meio para virar poltrona. É dar um novo uso para peças inutilizadas. São Paulo tem muitas dessas intervenções”, explica o cenógrafo Alexis Pabliano.
Na cidade cenográfica, também estão os estúdios das casas de Benê (Daphne Bozaski) e Ellen (Heslaine Vieira). Aliás, a diferença entre os universos das Five também fica evidente pelos lugares que habitam. Como a casa de Ellen é mais antiga, a equipe optou por empregar esquadrias usadas, portas e janelas de demolição e em ferro velho. Keyla (Gabriela Medvedovski) mora no andar superior da lanchonete de Roney, Tina (Ana Hikari) vive em um apartamento de classe média na Liberdade e Lica (Manoela Aliperti) vive numa cobertura de Higienópolis.
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